A explosão de um prédio de vinte e dois andares, seguida pela descoberta de uma carta, levam a polícia a encarar uma difícil realidade: alguns prédios de Nova York tiveram explosivos instalados na época de suas construções. Mas quais? E quantos?Uma jovem detetive que esconde os dramas pessoais sob a sólida imagem profissional e um repórter fotográfico com um passado que deseja esquecer são a única esperança de deter um psicopata que sequer assume a autoria de seus crimes. Um homem que não pode ser responsabilizado pelos próprios atos. Um homem que acredita ser Deus.Conheci Giorgio Faletti em Eu Mato, um livro que me surpreendeu e agradou bastante. Por isso, ao começar a ler Eu sou Deus, estava com as expectativas lá na estratosfera e sinto dizer que me decepcionei.
Nas primeiras páginas, quando acompanhamos os passos do assassino, cheguei a pensar que seria um ótimo livro. Aí o autor regride no tempo e nos apresenta Wendell Johnson um soldado veterano da guerra do Vietnã. Um homem com cicatrizes tanto físicas quanto psicológicas deixadas pela guerra. Ao acompanharmos a tentativa de Wendell de se reintegrar à sociedade e ficarmos à par de suas memórias da guerra e como ele acabou com o rosto desfigurado o autor reitera uma das suas peculiaridades, a forma como ele humaniza os assassinos tornando-os quase mártires e fazendo da vingança e loucura uma justiça e redenção.
Ao voltar para o tempo atual é que a coisa começa a se perder. Primeiro um corpo é encontrado num canteiro de obras e a detetive Vivien Light é chamada para resolver o caso. Pouco tempo depois um prédio explode deixando a cidade aterrorizada pensando ser um ataque terrorista. Pra complicar ainda mais a estória é contada pelo ponto de vista de diversos personagens cortando a continuidade e deixando a estória mais confusa, isso porque o autor não se prende apenas aos fatos mas descreve a vida dos personagens, seus problemas, sentimentos e pensamentos. E, se por um lado isso torna os personagens mais consistentes, por outro acaba deixando a trama mais arrastada.
Ainda tem Russel Wade, um fotografo decadente e, digamos, autodestrutivo que por um acaso acaba encontrando a única pista que pode levar a polícia ao autor do atentado e por isso acaba conseguindo o privilégio de acompanhar as investigações.
E se no começo o autor deu grande destaque à mente de assassino nessa segunda parte ele se foca nas investigações deixando apenas breves encontros nos quais ele confessa ao Padre McKean seus crimes e anuncia os próximos. Deixando o padre num dilema entre cumprir com seu dever religioso ou salvar centenas de vidas.
- Dessa vez, juntei a escuridão à luz. Da próxima, juntarei a terra à água.Vou tentar explicar um pouco o que me desagradou no livro e vou tentar não dar informações demais mas pode ser que escape alguma coisa. Então fica avisado.
- O que significa isso?
- Vai entender com o tempo.
O principal motivo é que quando acabei o livro fiquei com uma sensação de que faltava alguma coisa. Sabe, o autor deixou durante o livro todo diversas pistas e muitas delas não foram usadas pra nada. Gosto quando as coisas ficam todas bem amarradas e esse não foi o caso do livro.
Outra coisa é que, pra um autor que foca tanto no aspecto psicológico dos seus personagens, deixe de lado uma mente tão perturbada quanto do assassino resumindo isso a uma única fala do psiquiatra. O que me deixou inconformada porque ele termina a estória abruptamente e simples demais. A identidade do assassino me surpreendeu mas, assim como acontece em Eu Mato, isso não era tão relevante quanto os motivos.
Avaliando o livro como um todo ele não chega a ser ruim. Tem um bom suspense, um pouco de romance e Faletti tem um jeito cativante de contar estórias de forma quase poética, mas depois de todo o mistério que permeia o livro o final fica um tanto morno e desconexo. Eu esperava algo mais chocante do Homem que afirma ser Deus.
Esse é o meu poder.
Esse é o meu dever.
Esse é o meu querer.
Eu sou Deus.
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